"Todos contam, há um trabalho de equipa muito grande"

ANTEVISÃO

Com "foco tremendo" no jogo com o Vitória SC, adversário do Benfica na 13.ª jornada da Liga Betclic, Bruno Lage enfatizou a importância da união do coletivo encarnado para prosseguir no trajeto dos triunfos.

Na antevisão do encontro com o emblema minhoto, agendado para este sábado, 7 de dezembro, às 18h00, no Estádio da Luz, o treinador dos encarnados reforçou o contributo dos adeptos, reconhecendo que o Vitória SC é um conjunto de "enorme qualidade".

"É uma equipa muito bem organizada, com uma grande dinâmica, e, como tal, espero um adversário difícil, que nos obriga a estar no nosso melhor", disse Bruno Lage em conferência de Imprensa, no Benfica Campus.

Destacando a "boa semana de treinos", o treinador exemplificou com o almoço de aniversário de Amdouni, um momento agregador, ilustrativo da união entre todos.

Tendo em conta aquilo que o Vitória SC tem feito no Campeonato, e também na Europa, que adversário espera amanhã [sábado, 7 de dezembro] na Luz?

Um adversário muito competente. Realmente, é fantástico o trabalho que o Vitória tem feito nesta época, quer na Liga, quer nas competições internacionais. Tivemos a oportunidade de ver alguns jogos, em particular contra FC Porto, SC Braga, mesmo até o último, com o Gil Vicente, e vê-se que é uma equipa de enorme qualidade, quer individual, quer coletiva. Jogar com uma equipa com nomes como Bruno Varela, Bruno Gaspar, Tiaguinho – Tiaguinho, não, agora é Tiago Silva, já é capitão de equipa e tudo, mas será sempre o nosso Tiaguinho –, Nuno Santos e Nélson Oliveira, por si só, revela a qualidade individual da equipa, e, depois, aquilo que são os processos. Uma equipa muito bem organizada, uma equipa com uma grande dinâmica, e, como tal, espero um adversário difícil, que nos obriga a estar no nosso melhor. Tivemos uma semana de treinos muito boa, por isso estamos confiantes que a equipa amanhã [sábado, 7 de dezembro] se apresente no seu melhor, em particular por estarmos a jogar em casa e contando com o apoio dos nossos adeptos. Pelas informações que tenho, o estádio estará cheio, com os nossos adeptos a apoiar a equipa, para que consiga fazer mais uma boa exibição e vencer o jogo.

No Mónaco – se não me engano, foi nessa conferência de Imprensa em que lançou o jogo –, tinha dito que um dos objetivos que tinha para a equipa era até ao final do ano aproximar-se do 1.º lugar do Campeonato. Tendo em conta as circunstâncias, esse objetivo alterou-se e passa a ser passar o ano no 1.º lugar do Campeonato? Acha que é possível fazê-lo?

Ainda agora começámos o mês de dezembro, ainda temos alguns jogos pela frente e ainda temos 12 pontos para disputar até chegar ao jogo com o Sporting [16.ª jornada]. Por isso, aquilo que é importante neste momento, principalmente para nós percebermos, é que nada adianta, ou de nada vale os nossos adversários perderem pontos, se nós não conquistarmos os nossos pontos, e esse tem de ser o nosso foco. O nosso foco tem de ser no jogo de amanhã [sábado] e naquilo que nós temos vindo a fazer para, amanhã [sábado], vencer o jogo.

É mais fácil trabalhar agora, porque se calhar há um mês era impensável a contestação que existe no Sporting e no FC Porto, e este Benfica de Bruno Lage estar apenas a depender de si para chegar ao 1.º lugar do Campeonato? Qual o sentimento do treinador Bruno Lage hoje, que não era há um mês?

É não pensar nisso, é olhar para aquilo que é nosso, e a evolução que nós temos de fazer na equipa; aquilo que é determinante neste momento é nós percebermos isto, e repito aquilo que disse anteriormente: de nada vale os nossos adversários perderem pontos se nós não ganharmos os nossos. Mantenho a ambição daquilo que disse recentemente, porque é legítimo nós termos essa ambição, que é aquilo que queremos, é para aquilo que trabalhamos, mas temos de nos manter muito humildes, e foco tremendo no jogo de amanhã [sábado, 7 de dezembro].

Amanhã [sábado] não pode contar com Kökcü, que está castigado devido à acumulação de amarelos. Como é que vai funcionar o meio-campo? Já falou também de estarmos no início do mês de dezembro, que fica marcado pelo Natal. Estes bons resultados também lhe dão crédito para pedir umas prendas ao Presidente Rui Costa?

Sobre o nosso plantel e a equipa a entrar amanhã [sábado], vou-me repetir, mas é a nossa forma de trabalhar, é nós percebermos o momento de cada jogador, o momento da equipa, e tentar antecipar qual o melhor jogador ou onze para, realmente, fazermos uma boa exibição amanhã [sábado]. Repito: nós fizemos uma boa semana de treinos, o que também é importante para conhecermos os jogadores menos utilizados, e estamos muito satisfeitos com aquilo que vamos fazendo e com as oportunidades que os jogadores vão tendo para jogar e para treinar e para os conhecer melhor.

Quando chegou ao Benfica, a equipa estava a cinco pontos do líder Sporting. À data de hoje [6 de dezembro], a equipa depende apenas de si própria para chegar ao dérbi na liderança do Campeonato. Sabe bem o que é recuperar estas desvantagens pontuais, já foi campeão assim. Acredita que pode repetir esse feito? Queria também olhar para o lado inverso da moeda. Quando esteve no Botafogo, também sabe o que é desperdiçar uma vantagem pontual. Na altura, quando estava no Brasil, aprendeu alguma coisa para não repetir, e não voltar a desperdiçar uma vantagem e a oportunidade de ser campeão?

Já me fez ganhar uma aposta [risos]... Só para afirmar algo que já disse várias vezes, mas as pessoas teimam em não ter essa memória. Quando saímos do Botafogo, deixámos a equipa em 1.º lugar com oito pontos de avanço, por isso não fomos nós que desperdiçámos a oportunidade, mas não fujo à responsabilidade daquilo que vivemos durante dois meses e meio. Foi uma experiência fantástica para todos nós. Já várias pessoas falaram sobre esse assunto. Aquilo que é importante neste momento é perceber que o Botafogo cresceu muito desde esse momento, e aproveito para dar os parabéns – porque já tive a oportunidade de dar os parabéns – ao staff, aos jogadores, ao dono. Venceu a Libertadores e está a um ponto de vencer o Campeonato. Sobre nós, vai-me perdoar, mas vou repetir aquilo que disse anteriormente. Temos a nossa ambição, é para isso que trabalhamos, sabemos o que queremos, mas, neste momento, o foco é o jogo de amanhã [sábado].

Bruno Lage veio substituir Roger Schmidt, e João Pereira substitui Ruben Amorim. Já houve oito trocas de treinadores nesta I Liga. Na sua opinião, o que é que isso significa para o Campeonato português?

Agora fizeram-me lembrar uma coisa, em jeito de brincadeira... Não é o Campeonato português, é o futebol português. O meu puto tem 9 anos, joga numa equipa em que, em cinco ou seis jogos, só venceu um jogo, e o treinador também já foi substituído, e estamos a falar de meninos de 9 e 10 anos, por isso, isto é o futebol português. O mais importante é aquilo que fazemos a cada momento. A nossa experiência leva-nos a isso, por isso é que aquilo em que me concentro é no que podemos fazer a cada momento. Não vale olhar para trás e olhar para recordes, ou para títulos que já conquistámos, e, no futuro, não vale a pena olhar muito mais à frente do que aquilo que é o jogo seguinte. A nossa ambição e aquilo que passamos sempre aos jogadores é que, quando estamos num bom momento, aquilo que pretendemos é juntar mais boas exibições a esse bom momento, e é nesse foco que nós temos de estar atentos. Por isso é que eu tenho dito: neste momento, muita humildade, perceber o que temos de fazer a cada momento, e o momento é já o jogo de amanhã [sábado].

Na sua primeira passagem [pelo Benfica] falava muito na palavra reconquista. Essa palavra também é o mote desta temporada – na apresentação também falou dessa palavra –, ou há alguma nova que esteja a introduzir internamente em relação aos jogadores?

Eu não sei se há palavra ou não, nós, aquilo que sentimos é que há um trabalho de equipa muito grande. Eu tenho dito isso, e é aquilo que os nossos jogadores devem sentir, que é: todos contam, e todos têm contado, e todos têm contribuído para o nosso momento. Os nossos adeptos têm sido incansáveis, por isso também eles contam para nos ajudarem. Aquilo que aconteceu no jogo com o Estrela da Amadora com o Arthur [Cabral], e o Arthur depois, passados três dias, faz um golo que nos valeu pontos; os jogadores saltarem do banco e poderem ajudar a equipa; ter os três pontas de lança a marcar golos... é esse o sentimento que eu quero, acho que é o sentimento que os jogadores já perceberam que eu quero. Reforço, o almoço que eles tiveram há dois/três dias para celebrar o aniversário do Zeki [Amdouni] também é importante, alguém que está fora do país, não tem aqui os amigos, e eles reunirem-se para comemorar esse aniversário revela mesmo isso. Por isso, é um sentimento de união, de equipa e que todos contam.

Já disse que de nada vale os adversários perderem pontos se o Benfica não conquistar os seus, e que esse tem de ser o foco, mas eu pergunto-lhe se não encontra neste momento um balneário mais motivado, se o ambiente que encontra entre os jogadores é o mesmo do que há 15 dias. E como é que se consegue, de certa forma, travar alguma euforia que possa estar a surgir, para manter esse foco que pediu?

Os jogadores têm experiência suficiente para saber viver os momentos menos bons e os momentos melhores, por isso tem de haver sempre um equilíbrio. Por muito difícil que pareça para vós entender aquilo que eu vou dizer, as coisas aqui dentro acontecem tão rápido – aqui dentro, numa equipa de futebol –, e a competir de três em três dias, que não há muito espaço nem tempo para pensar no que é que se passa lá fora, é importante é aqui. E, para mim, a forma que eu encontro para estar, eu, focado sempre e concentrado, e para meter quer a minha equipa técnica, quer os jogadores, é no trabalho. E foi isso que nós fizemos durante a semana. Temos ainda um longo caminho para fazer para que eu sinta que a equipa jogue, que controle alguns momentos do jogo como eu gosto. Tivemos oportunidade de fazer dois treinos entre quarta e quinta – porque hoje já estamos a preparar mais o jogo, em que juntamos àqueles nove/dez que eu tinha dito – em que deu para trabalhar algumas coisas em que eu sinto que nós podemos ser melhores. Por isso, é esse o caminho que nós temos de fazer. Por isso, focado na tarefa, focado no trabalho, focado na evolução da equipa, é nisso que nós temos de nos orientar, porque assim vamos ganhar mais vezes e podemos chegar aos objetivos que nós temos.