"Estamos unidos e, juntos, espero ganhar muitos mais títulos nos próximos anos"

ANTEVISÃO

Confiante na capacidade dos seus jogadores e do grupo enquanto coletivo, Roger Schmidt projetou o encontro com o Sporting neste domingo, 12 de novembro, a contar para a 11.ª jornada da Liga Betclic. O regresso a casa, ao Estádio da Luz, palco do duelo agendado para as 20h30, constitui uma "oportunidade" para a equipa "se mostrar de novo aos adeptos".

Em conferência de Imprensa realizada neste sábado, 11 de novembro, no Benfica Campus, o técnico do Benfica falou de uma equipa com sentido de "autocrítica" e "motivada", com capacidade para "dar resposta em momentos de grande pressão", o que "tem acontecido". É que em causa, neste domingo, a partir das 20h30, no Estádio da Luz, está a possibilidade de as águias atingirem a liderança da competição.

Roger Schmidt deu ainda conta da vontade do grupo de "fazer um jogo de topo". "Queremos mostrar-nos aos nossos adeptos. É importante que os nossos adeptos sintam, desde o início, que estamos prontos para lutar pelo título nesta temporada", frisou, após três jogos disputados longe da Catedral.

Num jogo em que pode atingir a liderança do Campeonato, o que é que o Benfica tem de fazer para vencer o Sporting?

Temos de fazer um jogo muito bom. Em primeiro lugar estamos felizes por voltar a jogar em casa, porque já não o fazemos há algum tempo, tivemos três jogos fora de casa. Também é bom fazê-lo depois de um jogo em que se perdeu, e estamos desapontados. O bom do futebol é que há sempre um novo jogo, especialmente, neste caso, frente ao Sporting. É uma grande oportunidade para nos mostrarmos de novo. O Sporting está a fazer uma excelente época, venceu quase todos os jogos, tem apenas um empate [no Campeonato]. Como disse, se vencermos, seremos o primeiro classificado, isso diz tudo. Eles [Sporting] estão a fazer uma grande época, mas nós também. Claro que os confrontos diretos são muito importantes, sabemos isso desde a última temporada. Os jogos com o Sporting na época passada foram muito bons, acabaram os dois empatados. O nosso objetivo no domingo [12 de novembro] é fazer um jogo de topo, mostrar uma reação muito boa e ganhar o jogo.

A maioria dos seus grandes duelos em Portugal na época passada foram contra o FC Porto. Como vê o Sporting neste momento? Vê-os como reais candidatos a ganhar todas as competições em Portugal?

O Sporting, o FC Porto e o SC Braga são equipas muito boas e têm sempre qualidade para lutar por títulos. Na época passada, o Sporting não começou bem, perdeu muitos pontos no início, mas foram sempre competitivos e difíceis de enfrentar. Nesta época, começaram de forma completamente diferente. Mantiveram sempre os jogadores unidos, têm um novo ponta de lança, que está a jogar muito bem desde o início. É uma equipa muito equilibrada, têm o mesmo treinador, estão habituados a jogar uns com os outros. É uma boa equipa, tal como o FC Porto e o SC Braga. Temos uma grande competitividade em todas as provas portuguesas. Estava à espera do que está a acontecer de momento na Liga.

Qual é a situação de Kökcü, Bah e Juan Bernat? Estão definitivamente de fora do jogo? Há mais lesões, além destes jogadores e de Neres?

São os quatro jogadores que estão indisponíveis e também estão de fora para domingo.

Na última conferência de Imprensa, depois do jogo com a Real Sociedad, disse que a equipa não estava preparada para o jogo. Também assumiu a culpa. Como preparou o jogo frente ao Sporting?

Claro que é minha responsabilidade preparar a equipa em todos os aspetos importantes, em termos táticos, físicos, mentais... Quando analisamos o jogo, o que nos aconteceu podia acontecer com o Inter de Milão ou Barcelona, era exatamente a mesma coisa. Começaram de forma muito intensa, criaram muitas oportunidades, e a grande diferença entre estes jogos [frente a Inter de Milão e Barcelona] e o nosso é que, desta vez, foram muito eficientes. Usaram os primeiros dois momentos de ataque para marcar golos. Sabíamos isso, mas a verdade é que não estivemos 100% preparados. Claro que perguntamos sempre o que poderíamos ter feito de diferente na nossa abordagem. Mas foi este jogo. Por outro lado, temos outra situação no Campeonato. É um grande jogo no domingo, uma grande oportunidade para nós. Claro que há uma grande pressão para nós, para eles [Sporting], mas, pelo que conheço da minha equipa do passado, da última época, a forma como lutámos em momentos difíceis para nos tornarmos campeões, como lutámos já nesta época num jogo importante como a Supertaça, penso que sob pressão conseguimos bons desempenhos. Os meus jogadores não são perfeitos, mas estão sempre muito motivados e têm uma atitude muito boa. Acredito a 100% nos meus jogadores, no grupo. Ficámos todos desapontados e frustrados depois do jogo com a Real Sociedad, mas ontem senti um ambiente positivo no nosso grupo, muito sentido autocrítico, insatisfação com o desempenho, por isso estamos prontos e a preparar o jogo da melhor forma para fazermos um jogo de topo e tentarmos mostrar-nos aos nossos adeptos. Também é importante que os nossos adeptos sintam, desde o início, que estamos prontos para lutar pelo título nesta temporada.

Olhando para a forma de jogar do Benfica desde o ano passado, os laterais estiveram sempre em grande forma, casos de Bah e Grimaldo. Nesta temporada tem sido um pouco diferente. Esse é um dos aspetos fundamentais em falta?

É um dos pontos. Penso que, com Grimaldo, perdemos um lateral-esquerdo muito experiente e fiável, sempre apto e a um nível elevado, mentalmente forte, também com muita experiência em grandes jogos e, claro, era perfeito para a nossa forma de jogar. Claro que no nosso estilo de jogo, com pensamento positivo, pressão alta, e com a nossa formação tática, os laterais são muito importantes. A defender, mas também na forma de atacar. Temos um novo jogador, Jurásek, e Juan Bernat, que está lesionado. O David [Jurásek] precisa de mais tempo para se habituar e adaptar a este estilo de jogo. Bah, atualmente, também está fora, está habituado e desenvolveu-se muito bem na última época. Claro que não é fácil substituir estes jogadores, mas tentamos compensar. Aursnes tem de ser muito flexível, porque preciso dele em todo o lado. Às vezes tem de mudar a sua abordagem, felizmente ele é um jogador que tem capacidade para o fazer. Está sempre disponível. Às vezes acho que gosta de jogar numa posição diferente em cada jogo, isso é bom para nós. Ter mais consistência nessas posições, mais oportunidades para que os jogadores se habituem a tudo, se desenvolvam com jogos de três em três dias, na mesma formação, claro que é uma vantagem. Mas, às vezes, no futebol, temos estas fases. Na última época jogámos quase sempre com a linha defensiva de quatro defesas, com os mesmos médios, mas nesta época tem sido um pouco diferente. Porque perdemos jogadores, tivemos algumas lesões de longa duração, o que não aconteceu na última temporada. Por estas razões torna-se mais complicado, mas não impossível. No Campeonato estamos a jogar bem, temos já muitos pontos, mas temos de nos focar nos jogadores disponíveis e trazer os atletas que ainda não estão a um nível de topo para esse nível. Precisamos de todos os jogadores a um nível elevado para lutar por todas as competições e títulos.

Colocou a culpa em si [após o jogo com a Real Sociedad]. O que é que lhe tem faltado?

Já respondi algumas vezes à mesma questão. Assumo a responsabilidade, é o que faço sempre, porque sou o treinador. Sou responsável por tudo, como treinamos, como jogamos futebol, como é a nossa cultura dentro do grupo... sou responsável por tudo. Claro que sou responsável se não jogamos um bom futebol e se perdemos jogos. Mas faz parte do futebol perder jogos. Não vi, quando assinei o meu contrato, que tínhamos de vencer todos os títulos até 2026. Trabalhamos muito duro, como na última época, por todos os títulos, mas mesmo quando estamos a lutar em outra competição como a Liga dos Campeões... não é uma vergonha, jogámos contra equipas muito boas. Vejam o Inter de Milão e a forma como estão a jogar na Serie A, a Real Sociedad é, para mim, atualmente, uma das equipas de topo na Europa, se mantiverem esta condição e todos os jogadores estiverem bem fisicamente, são capazes de fazer uma época de topo também na Liga dos Campeões. Nós não estamos ao nosso melhor nível neste momento, mas isso faz parte do futebol. O que temos de fazer é olhar em frente, aceitar, sermos profissionais, trabalhar forte e mostrar uma boa reação nos jogos que se seguem. É o que temos de fazer sempre. Estamos longe de perder a nossa confiança e convicção. Estamos unidos e, juntos, espero ganhar muitos mais títulos nos próximos anos.

Vimos o Benfica jogar num estilo diferente, com três defesas, nos últimos três jogos. Ganhou os dois primeiros e perdia por 3-0 após 20 minutos contra a Real Sociedad. O jogo com a Real Sociedad foi o fim dessa formação no Benfica? O que aconteceu para o Benfica sofrer três golos tão cedo nesse jogo?

Já expliquei um pouco da história do jogo contra a Real Sociedad. O começo não foi mau. Até ao 12.º minuto foi um jogo aberto. Uma segunda bola de um livre e um passe falhado do Florentino deram duas chances à Real Sociedad, não tinham tido mais nada. Foram erros claros nossos, e eles mostraram eficácia. Depois, perdemos a conexão e a união, eles tinham o apoio do estádio e muita confiança. Nos 25 minutos seguintes, perdemos completamente tudo o que falámos. Depois do intervalo, estivemos bem, foi um jogo diferente, mas era tarde demais para mudar o resultado. Não foi uma questão de ter uma defesa a três. Os primeiros dois golos não tiveram nada a ver com uma defesa a três. No terceiro golo, não houve apoio para o defesa-lateral, foi um contra um e puderam marcar. Estas coisas podem acontecer com uma defesa a quatro ou uma defesa a três. Não foi crucial nesse jogo, foi mais a história do jogo. Perdemos os nervos e um pouco da nossa estratégia. Temos de pensar na melhor abordagem para amanhã [domingo]. Já expliquei porque é que as duas formações táticas são opções, mas, no final, podemos jogar o mesmo futebol com as duas formações. É uma questão de como o colocamos em prática.

Sente que o resultado deste jogo pode ter impacto no seu futuro no Clube?

Não. Já o disse algumas vezes: assinei um novo contrato até 2026, porque estou convicto e adoro estar no Benfica. Não estou à espera que ganhemos sempre, que tenhamos sempre sucesso, nem que joguemos sempre um futebol de topo até 2026. O que sei, com a minha experiência, é que temos sempre algumas dificuldades durante a época. Depende do que disse antes. Podemos jogar sempre com os mesmos jogadores, sem lesões, com todos os jogadores em forma, e é fácil jogar um futebol de sucesso se tivermos uma boa abordagem e uma boa equipa. Às vezes, é um pouco mais difícil e temos de lutar mais. Passar à fase eliminatória da Liga dos Campeões é muito importante para nós, para o Clube, para os jogadores, para todos. Temos muita motivação para isso, mas, às vezes, se tivermos situações como as que tivemos nesta época na fase de grupos, temos de aceitar que as outras equipas, de momento, estão em melhor forma. Tivemos as nossas histórias de jogo nesta época e temos de aceitar que estamos fora, mas não pode ser a razão para perder a confiança no Benfica e na minha posição. Sinto a confiança do Clube e o meu objetivo é despedir-me do Benfica em 2026 no Marquês de Pombal. É esse o meu objetivo e acredito que é possível.