Conteúdo Exclusivo para Contas SL Benfica
Para continuares a ler este conteúdo, inicia sessão ou cria uma Conta SL Benfica.
Para continuares a ler este conteúdo, inicia sessão ou cria uma Conta SL Benfica.
Futebol
27 setembro 2024, 13h49
Bruno Lage
Evocando a motivação extra de jogar perante os Benfiquistas, no Estádio da Luz, o treinador das águias exaltou a união que o grupo tem demonstrado, salientando que os jogadores têm estado à altura da cultura do Clube, tanto no relvado, colocando o talento ao serviço do coletivo, como fora dele.
Revelando que não pensa mais à frente, Bruno Lage garantiu que o foco está 100% direcionado para o Gil Vicente e reforçou a necessidade de dar passos seguros, sublinhando que a equipa, mesmo tendo funcionado bem nos três jogos sob o seu comando, ainda tem margem para melhorar, sobretudo na agressividade no último terço.
No final, o técnico também abordou o falecimento de Telmo Faria [adepto que faleceu num acidente de viação quando viajava para assistir ao Boavista-Benfica] e enviou os seus sentimentos à familia, bem como aos adeptos do Benfica.
Regresso aos jogos em casa de um Benfica que vem de três vitórias consecutivas. Como sente a sua equipa e que Gil Vicente espera receber?
É sempre um motivo de motivação extra nós jogarmos no Estádio da Luz, perante os nossos adeptos. Espero a equipa com a mesma dinâmica e com o mesmo foco, e um adversário à imagem do seu treinador, com futebol positivo, com muito atrevimento ofensivo. Uma equipa que funciona no seu todo, com muitos jogadores de enorme qualidade, especialmente os homens da frente. Como tal, temos de estar cem por cento concentrados e ter cem por cento de compromisso para o jogo de amanhã [sábado, 28 de setembro].
Ganhou os três jogos que fez enquanto treinador do Benfica nesta nova fase e, em busca da perfeição – os treinadores normalmente procuram a perfeição –, o que procura mais nesta fase? Que o Benfica seja mais consistente defensivamente ou mais acutilante ainda do ponto de vista ofensivo? Nessa perspetiva, do ponto de vista ofensivo, pondera, em alguma circunstância, até já a partir do onze inicial, utilizar Pavlidis e Arthur Cabral em simultâneo, já neste jogo, ou não?
Vou por partes. Primeiro, ganhámos, porque não ganhei sozinho. Aquilo que quero – e tem sido palavra-chave desde o nosso primeiro dia aqui com a equipa –, é a cultura do Clube e aquilo que é o lema do Clube, por isso, tem sido uma palavra muito forte. Aquilo que temos de melhor é funcionarmos em equipa, por isso, não fui eu que ganhei, não foi nenhum jogador em particular, é a equipa, que tem de viver constantemente sobre isso, e eu tenho falado muito sobre isso, daquilo que é a cultura de clube, que é o que de mais forte podemos ter, e reforço ainda mais aquilo que disse no último jogo, que é o talento ao serviço da equipa e é o que cada um deles, neste momento, pode fazer para ajudar a equipa. Aproveito essa questão até para valorizar ainda mais a iniciativa do capitão, do Nico [Otamendi], de proporcionar um encontro fora do Seixal com os jogadores, isso é realmente algo que temos de construir todos juntos, e que vem da base do Clube, da cultura do Clube, e eu e as pessoas à volta dos jogadores queremos transmitir isso diariamente. A segunda questão... quero uma equipa mais agressiva, aquilo que temos falado muito, mais agressiva no último terço, na busca de espaços, na busca de mais situações de finalização, porque acredito que, se criarmos mais situações de finalização, podemos marcar golos, mas criar mais em qualidade, por isso temos trabalhado, tenho trabalhado imenso com os avançados, com os alas, qual a forma de chegar ao último terço, que espaço é que o adversário nos pode oferecer, que tipo de cruzamentos pretendemos, que tipo de movimentações quero dos avançados, quer coletivamente, quer em termos individuais, e esse é que tem sido um foco muito importante. Depois, o defender é muito fácil. É correr, como já dizia o grande mestre Jaime Graça. É correr, toda a gente atrás da linha da bola, e eles sabem que, comigo, toda a gente tem a responsabilidade de defender e sair agressivo para recuperar a bola.
"É sempre uma motivação extra nós jogarmos no Estádio da Luz, perante os nossos adeptos"
Bruno Lage
Três jogos, três vitórias, uma equipa a praticar um futebol mais atrativo e positivo, e mais unida. Recorrendo a uma expressão utilizada por si na semana passada, sente que já tem uma equipa a jogar à Benfica?
O mais importante é nós irmos trabalhando diariamente para atingir isso. É uma equipa à Benfica, porque eu sei aquilo que os adeptos gostam. Eu também cresci aqui, passei praticamente por todas as equipas da formação, pela equipa B, já cá estive na equipa A e é assim, também, que eu me identifico. A nossa ambição é continuarmos a crescer como equipa. Temos criado mais situações de golo nestes três jogos e pretendemos continuar nesse registo. Ainda não fizemos nada de especial, ganhámos apenas três jogos e por isso é que eu lhe digo: máximo compromisso para o jogo de amanhã [sábado, 28 de setembro], porque é um adversário muito competente e nós temos de estar focados naquilo que controlamos. E o que controlamos é apenas o nosso trabalho e a nossa tarefa para o jogo de amanhã [sábado, 28 de setembro].
"Espero a equipa com a mesma dinâmica e o mesmo foco"
Acabou de dizer que quer, no processo defensivo, que todos corram para trás, para ajudar a defender. Nesse sentido, gostaria de lhe perguntar qual o papel do Di María na equipa. No último jogo, com o Boavista, um dos médios interiores fazia o corredor direito, fechava mais no lado direito, penso que era o Aursnes. Com o Estrela Vermelha, acho que foi o Kökcü que fez um pouco esse papel também. Depois, a dada altura, trocou os extremos, colocou o Aktürkoğlu a fechar no lado direito, numa altura em que já estava o Kaboré a jogar. A questão que lhe coloco tem a ver precisamente com o Di María. Está preparado para prescindir dessa eficácia defensiva, toda a gente a correr para trás e ter um jogador que, assumidamente, não vai cumprir esse papel, por não poder, ou porque simplesmente é escolha sua não o fazer? Em que medida é que isso afeta o compromisso do resto da equipa, para proteger o Di María dessa eventual lacuna defensiva?
Discordo da sua análise relativamente ao último jogo. Nunca vi o Aursnes atrás do Di María, vi sempre o Aursnes a pressionar à frente, ainda hoje [sexta-feira, 27 de setembro] mostrámos imagens disso. O Aursnes, um médio a juntar-se ao avançado a pressionar à frente, e o Di María, a fechar espaços e recuperar bolas em zonas interiores, por isso discordo disso, porque o trabalho, em termos de equipa, foi muito importante. Foi não deixarmos o adversário jogar por dentro de nós, muita gente atrás da linha da bola, preparada para pressionar. Aquilo que quero para o Di María é aquilo que quero para todos, mesmo o trabalho dos avançados, é que a equipa seja competente e que haja responsabilidade de toda a gente defender, esse é o primeiro ponto. No jogo do Estrela Vermelha, já expliquei sobre esse jogo, é sentirmos o momento do jogo e quem é que nos pode ajudar, e olhar para as características dos jogadores. O Benfica, de alguns anos a esta parte, e falo de mim, até mesmo da minha altura, que eventualmente não tinha um ala com um compromisso tão defensivo como tem o Kerem [Aktürkoğlu], então temos de saber usar isso quando é necessário. Naquela altura, tínhamos um que fazia esse papel também muito bem na esquerda, o Cervi, por isso é olhar um pouco para as características dos jogadores. Agora, o que eu quero, é que, no todo, a equipa funcione, e a equipa nestes últimos três jogos tem funcionado, e eu tenho passado essa mensagem aos jogadores. A cultura de clube e um sentimento muito grande de equipa, porque ninguém ganha os jogos sozinhos. Foi sobre o talento da equipa e o que cada um pode fazer para a equipa. Depois, até podemos ter a oportunidade de falar sobre o jogo, ou, se você tiver a oportunidade de ver, no jogo do Boavista, compromisso enorme de toda a gente, o Aursnes a saltar na pressão e o Di Maria a recuperar muita bola em zona interior e ajudar o lateral.
"Aquilo que temos de melhor é funcionarmos em equipa, por isso, não fui eu que ganhei, não foi nenhum jogador em particular, é a equipa, que tem de viver constantemente sobre isso"
Quando foi apresentado, elogiou o plantel e, esta semana, o Presidente Rui Costa disse que ele podia ter sido construído por si. Concorda com essa afirmação? Acha que é o plantel mais capacitado para ser campeão? E, neste jogo, ele pode ficar mais forte com o Bah?
Tenho uma relação de largos anos com o Presidente, quer como diretor da formação, depois como diretor-desportivo e, agora, como Presidente. Se há pessoa que sabe como eu gosto de ter o plantel, é ele. Em termos estruturais, gosto de ter o plantel assim. Três guarda-redes, dois jogadores competitivos por cada posição, porque tem de haver competição entre eles. Quero sempre toda a gente pronta, preparada e ninguém a viver daquilo que vai fazendo, mas, sim, a contribuir diariamente para o crescimento da equipa. E três avançados com perfis diferentes, como nós temos. Um mais de ligação, outro com forte ataque à profundidade e um jogador mais de área, que saiba jogar com cruzamentos e com esse tipo de espaços. Essa base fica logo por terra, porque realmente gosto de trabalhar com um plantel assim. Depois, nós tivemos várias entradas de alguns jogadores e cada um deles precisa do seu tempo de adaptação, quer ao país, quer à cultura de Clube de que falávamos há pouco, quer à forma de jogar, quer à forma de treinar. E, nessa parte, cabe-me a mim saber retirar o melhor de cada um e ajudá-los a crescer, quer individualmente, quer coletivamente. Ao fim e ao cabo, olhamos para o plantel e temos muitos jogadores que já conhecem e adaptaram-se bem, e outros que ainda estão a conhecer os espaços, mas acredito que temos capacidade para continuar a crescer e sermos uma equipa competitiva. Foi essa a nossa ambição desde o primeiro dia: olhar para a equipa, fazê-la crescer e ser competitiva. Neste momento, aquilo que temos de fazer é continuar o nosso caminho. Nós não podemos olhar para nada. A nossa ambição e o nosso compromisso é com o que temos de fazer amanhã [sábado, 28 de setembro] e começar com passos seguros, para depois podermos dar outro tipo de passos. Para já, o nosso compromisso tem de ser este, daquilo que controlamos a cada momento. Sobre o Bah, ele treinou e está convocado para o jogo.
"Ainda não fizemos nada de especial, ganhámos apenas três jogos e por isso é que digo: máximo compromisso para o jogo de amanhã [sábado, 28 de setembro]"
Disse, na semana passada, que não havia tempo para mudar o chip. Pergunto-lhe se a equipa técnica tem tempo para mudar esse chip, tendo em conta que vem aí um jogo importante para a Liga dos Campeões, com o Atlético de Madrid, e haverá certamente necessidade de haver alguma rotatividade entre os jogadores, e também se essa necessidade de rodar algumas posições e jogadores prejudica o seu objetivo de meter a equipa a jogar da forma como pretende, ou se, por outro lado, haver esta quantidade de jogos ajuda-o nesse processo?
Há aqui várias questões a levar em consideração na sua pergunta. Enquanto equipa técnica, não só eu, eu sou o treinador principal de uma equipa técnica vasta, e funcionamos sempre a três jogos, ou seja, neste momento, há pessoas que já estão a analisar o Nacional, outros a preparar o Atlético de Madrid, e eu, com os meus adjuntos, o nosso foco e a nossa concentração – porque só assim é que os jogadores também sentem isso –, é no jogo de amanhã [sábado, 28 de setembro], e é sobre isso que estamos focados e é sobre o jogo de amanhã [sábado, 28 de setembro] que temos de estar focados. Não houve mudança de chip para nada, aqui é a mesma coisa. Não há mudança de chip e o nosso compromisso tem de ser 100 por cento concentrados naquilo que temos de fazer amanhã [sábado, 28 de setembro].
"Nós temos apenas, a cada momento, quando formos chamados, de fazer aquilo que temos de fazer, que é jogar no máximo de concentração, de ambição, de jogar por nís, enquanto equipa, e de jogar para os adeptos, que acabam por ser a alma do Clube"
O jogo com o Boavista ficou marcado pelo falecimento de um adepto do Benfica [Telmo Faria], quando ia para o jogo. Pergunto-lhe como o grupo sentiu isto?
Depois de um jogo e de termos dado a folga, acordámos com um sentimento de missão cumprida, mas fica logo um sabor diferente na nossa vitória, porque o meu principal pensamento foi que os nossos adeptos quase que dão a vida, e alguns perdem mesmo a vida, por nos apoiarem. Não é fazer deste momento difícil nada, mas os nossos jogadores têm de sentir isso. As pessoas fazem imensos sacrifícios para nos apoiar em tudo e há uns que, por infelicidade, fazem o maior sacrifício de todos. Nós temos apenas, a cada momento, quando formos chamados, de fazer aquilo que temos de fazer, que é jogar no máximo de concentração, de ambição, de jogar por nós, enquanto equipa, e de jogar para os adeptos, que, ao fim e ao cabo, acabam por ser a alma do Clube. Aproveitar para enviar os meus sentimentos à família e aos adeptos do Benfica, porque acredito que seja uma notícia que tenha deixado um sabor agridoce sobre a nossa vitória.