Futebol

19 fevereiro 2020, 12h19

Shakhtar-Benfica

Cardozo bisou em 2007; agora, o palco do reencontro será outro

O Benfica está de regresso à Ucrânia, país onde em dezembro de 2007 se bateu com o Shakhtar Donetsk debaixo de neve, com temperaturas negativas a rondar os -10 graus celsius. O duelo reedita-se às 17h55 de quinta-feira.

Neste novo capítulo da história, há desde logo uma diferença de índole geográfica: o reencontro será no Estádio OSK Metalist, em Kharkiv, cidade localizada a cerca de 30 quilómetros da fronteira com a Rússia.

Já a temperatura, ao que tudo indica, não será um problema como o enfrentado em 4 de dezembro de 2007. Esperam-se temperaturas baixas, mas, ainda assim, positivas no jogo da 1.ª mão dos 16 avos de final da Liga Europa, fase na qual o Benfica nunca foi eliminado. Nos moldes atuais da prova, caiu, recorde-se, na final em 2012/13 e 2013/14, nas meias-finais em 2010/11 e nos quartos de final em 2009/10 e 2018/19.

Outra cidade, outro estádio… por causa da guerra! O OSK Metalist é a nova casa do Shakhtar, que teve de deixar a cidade de Donetsk em maio de 2014. Os conflitos entre Ucrânia e Rússia obrigaram o agora adversário do Benfica na Liga Europa a mudar-se para a capital Kiev nesse mesmo ano. Começou a jogar, logo no início da temporada 2014/15, em Lviv – cidade que fica mais perto da fronteira com a Polónia, a mais de 500 quilómetros de Kiev e a pouco mais de 1000 do Donbass Arena, casa do Shakhtar bombardeada durante os conflitos.

Em janeiro de 2017, o conjunto na altura orientado pelo também português Paulo Fonseca, deixaria a Arena de Lviv e assentaria em definitivo no estádio do Metalist, em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, onde joga até hoje.

Shakthar-Benfica

Da Champions à Liga Europa

No caminho do Benfica apresenta-se um Shakhtar tricampeão em título e dominador do futebol ucraniano, cujas esperanças em prolongar a participação na UEFA Champions League 2019/20 terminaram na 6.ª ronda, quando, a precisar de uma vitória contra a Atalanta em Kharkiv para garantir o apuramento no Grupo C, perdeu por 0-3.

A formação do português Luís Castro conquistou apenas um triunfo na fase de grupos (2-1), e foi obtido na casa da Atalanta. Depois, empatou três jogos consecutivos: dois com o Dínamo de Zagreb (2-2 e 3-3, em casa e fora, respetivamente) e o terceiro (1-1) na viagem ao terreno do Manchester City, que havia triunfado por 3-0 em Kharkiv, na ronda de estreia. Terminaria o grupo tal e qual como começara… a perder. Uma derrota na receção à Atalanta, que lhe valeu, no entanto, a presença pela quarta vez nos 16 avos de final da Liga Europa em cinco temporadas.

O Shakhtar finalizou, então, a passagem pela edição 2019/20 da Champions com seis pontos, menos um do que o Benfica, que perdeu os dois primeiros jogos na fase de grupos da Liga Milionária (1-2 na receção ao RB Leipzig e 1-3 na visita ao Zenit) antes de vencer em casa o Lyon e empatar (2-2) na Alemanha com o Leipzig.

Três golos sem resposta na segunda parte com o Zenit, na 6.ª e última jornada da fase de grupos, garantiram à formação orientada por Bruno Lage somar sete pontos e regressar à Liga Europa.

Shakthar-Benfica

Dois líderes

Nas provas internas, tal como o Benfica, também o Shakhtar é líder da tabela classificativa. Os ucranianos comandam com 50 pontos – mais 14 do que o segundo posicionado, o Dínamo de Kiev –, fruto de 16 vitórias e dois empates em 18 jornadas.

Orientado por Luís Castro, tem no plantel nomes como Taison, Marlos ou Júnior Moraes, os dois últimos brasileiros, mas internacionais pela Ucrânia. O trio tem, respetivamente, 17, oito e sete golos apontados em 2019/20. Uma equipa que, apesar da reconhecida qualidade do seu elenco, pode vir a acusar falta de ritmo depois da paragem competitiva no futebol ucraniano, devido às baixas temperaturas que se fazem sentir durante o – rigoroso! – inverno. Uma paragem que dura desde 14 de dezembro...

Terminados os empréstimos no mercado de inverno, destaque para os regressos de Wellington Nem (Fluminense), Fernando (Sporting), Vladyslav (FK Mariupol) e ainda para a entrada de Artem Bondarenko na equipa principal, depois de ter jogado no Shakhtar II.

Por outro lado, Andrii Boriachuk, Bohdan Butko e Andrii Totovytskyi saíram, respetivamente, para o Rizespor (Turquia), Lech Poznan (Polónia) e Desna Chernihiv (Ucrânia), os dois primeiros por empréstimo.

Shakhtar-Benfica

Fogo de Cardozo no gelo de Donetsk

O histórico de confrontos é recente e curto. Benfica e Shakhtar apenas se encontraram na edição 2007/08 da fase de grupos da Liga dos Campeões, em que ambos conquistaram vitórias fora: o Shakhtar por 1-0 em Lisboa e o Benfica por 2-1 em Donetsk, com o atual guarda-redes, Andriy Pyatov (35 anos), a defender a baliza dos ucranianos nos dois encontros. Nenhum dos dois emblemas passou à fase seguinte da competição, tendo o Benfica terminado em terceiro e o Shakhtar em quarto, atrás de AC Milan e Celtic.

4 de dezembro de 2007. Foi no frio extremo de Donetsk – onde as temperaturas rondavam os 10 graus celsius negativos – que o Benfica garantiu a continuidade nas competições europeias, assentando a presença na Taça UEFA (anterior à Liga Europa), depois de superar o Shakhtar por 2-1. No onze figuraram dois nomes que ainda hoje estão vinculados ao Benfica, mas agora noutras funções: Luisão e Rui Costa.

No RSK Olimpiyskyi, a pressão da equipa ucraniana com olhos ainda para os "oitavos" da Champions (dependendo do que se passava no duelo entre Milan e Celtic) acentuou-se desde cedo e foram vários os calafrios pelos quais o guarda-redes Quim passou. Apesar do assédio dos visitantes, o Benfica chegou à vantagem aos 5' por intermédio de Cardozo. O avançado paraguaio recolheu a bola, tirou o guarda-redes Pyatov do caminho e, com o pé esquerdo, atirou a contar (0-1).

Perante um Shakhtar em busca da igualdade, a formação à altura orientada por José Antonio Camacho aumentou a distância aos 21', novamente por Cardozo, num cabeceamento irrepreensível, sem hipóteses de defesa para Pyatov.

O Shakhtar beneficiaria de uma grande penalidade aos 30' após falta de David Luiz sobre Lucarelli no interior da área. Chamado a converter o castigo máximo, o avançado italiano não falhou e reduziu para 1-2. A formação encarnada aguentaria o aperto final dos ucranianos, garantindo, assim, um lugar nos 16 avos de final da Taça UEFA e eliminando o Shakhtar das competições europeias.

Shakhtar-Benfica, 1-2

FICHA  
Data 4 de dezembro de 2007
Estádio RSK Olimpiyskyi, em Donetsk
Onze do Benfica Quim, Nélson, Luisão, David Luiz, Léo, Petit, Katsouranis, Maxi Pereira, Rui Costa, Di María e Óscar Cardozo
Suplentes Butt, Luís Filipe, Edcarlos, Bergessio, Nuno Gomes, Nuno Assis e Freddy Adu
Onze do Shakhtar Pyatov, Srna, Chygrynskiy, Kucher, Rat, Lewandowski, Ilsinho, Jadson, Fernandinho, Lucarelli e Brandão
Suplentes Shust, Hubschman, Duljaj, Bielik, Gladkiy, Willian e Yezerskiy
Ao intervalo 1-2
Golos  Cardozo (5' e 21') e Lucarelli (30' g.p.)

Benfica e Shakhtar têm então reencontro marcado para as 17h55 (hora de Portugal Continental) desta quinta-feira, em Kharkiv, na 1.ª mão dos 16 avos de final da Liga Europa. A 2.ª mão joga-se em Lisboa no dia 27 (quinta-feira) deste mês. Os bilhetes estão à venda.

Texto: Filipa Fernandes Garcia

Fotos: Arquivo / SL Benfica e UEFA.com

Última atualização: 21 de março de 2024

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